Foto: Adriano Lima |
* Pollyanne Carlos,
Poetisa, professora de Língua Portuguesa, Paulistense, Pernambucana. Traz em
sua poesia a simplicidade das grandes poetisas clássicas mostrando-se antenada
às conexões dos subúrbios do Recife; sua poesia é permeada pela linguagem
direta e tocante; ora contestadora, ora sensual, fazendo com que o ouvinte
deleite-se em poemas imagéticos que descrevem situações cotidianas acerca das
inquietações coletivas.
Não sou sua.
Sim!
Cruzo a
cidade sozinha.
Não temo
assombração,
mostro as
pernas,
pago
peitinho...
Tem dias que
não penteio o cabelo:
Passo apenas
os dedos!
Os mesmos
Que acaricio
meus seios,
meus
anseios,
Pessoas de
todos os jeitos.
Sim! Digo: -
Pessoas!
Que suam e
soam.
Não sou sua
que passa na
rua e assobia
que vida
vazia
Achar que
Eu, Ela e Aquela vai ceder
Ao som que
sai da junção de seus lábios
Procura o
que fazer macho!
...
Anéis
"não
sossego
não sou de
ego
sonego?
trafego
tropeço
mas não
impeço!
me
apego
não esqueço
entendo.
temo perder
os dedos ?!"
...
Apertado
Me deram um
corpo
que comporta
apertando
o que existe
dentro.
Tem dias que
as asas aparecem
noutros as
raízes.
Já corri
relvas gigantes, entrei em baobás
conheço
todas as crianças do mundo.
Me deram um
corpo
que comporta
apertando
o que existe
dentro e ele transborda
Vira flor,
vira vela, vira veneno.
...
Mulher de
Xangô
Vai te
embora!
E ela foi
Ele tinha
ciúme de Xangô.
Ela dançou,
brincou e bebeu
Xangô é
livre.
E gosta de
vê-la ao ar...
...
Ouve-se
gritos de volta
E Isadora
não sabe o que faz....
...
Cavalgada
Respeito
o vermelho e
o preto
vestindo as
curvas desta mãe.
Admiro
a fala
contundente
e os
conselhos que nos dá.
Gosto
o perfume
acalma
e nos faz
refletir bem mais
A dança, a
voz e os gestos
impressionam
Fortaleza de
mulher
sábia
condutora de caminhos
que espera
seus filhos
para junto
com eles
tecer os
seus fios
Vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=Ea-sVaqtT6E
https://www.youtube.com/watch?v=z62riQ5fEcg
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* Trecho extraído do Projeto PoesiaAtiva, Coletivo Neolíticos -
2013.
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