sábado, 17 de janeiro de 2015

Poesia Cotidiana/ Pollyanne Carlos!


Foto: Adriano Lima


* Pollyanne Carlos, Poetisa, professora de Língua Portuguesa, Paulistense, Pernambucana. Traz em sua poesia a simplicidade das grandes poetisas clássicas mostrando-se antenada às conexões dos subúrbios do Recife; sua poesia é permeada pela linguagem direta e tocante; ora contestadora, ora sensual, fazendo com que o ouvinte deleite-se em poemas imagéticos que descrevem situações cotidianas acerca das inquietações coletivas.

Não sou sua.
Sim!
Cruzo a cidade sozinha.
Não temo assombração,
mostro as pernas,
pago peitinho...

Tem dias que não penteio o cabelo:
Passo apenas os dedos!
Os mesmos
Que acaricio
meus seios,
meus anseios,
Pessoas de todos os jeitos.

Sim! Digo: - Pessoas!
Que suam e soam.

Não sou sua
que passa na rua e assobia
que vida vazia
Achar que Eu, Ela e Aquela vai ceder
Ao som que sai da junção de seus lábios
Procura o que fazer macho!
...

Anéis
"não sossego
não sou de ego
sonego? 

trafego
tropeço
mas não impeço! 

me apego 
não esqueço
entendo. 
temo perder os dedos ?!" 
...

Apertado

Me deram um corpo
que comporta apertando
o que existe dentro.

Tem dias que as asas aparecem
noutros as raízes.
Já corri relvas gigantes, entrei em baobás 
conheço todas as crianças do mundo.

Me deram um corpo
que comporta apertando
o que existe dentro e ele transborda

Vira flor, vira vela, vira veneno.
...

Mulher de Xangô

Vai te embora!
E ela foi
Ele tinha ciúme de Xangô.
Ela dançou, brincou e bebeu
Xangô é livre.
E gosta de vê-la ao ar...
...

Ouve-se gritos de volta
E Isadora não sabe o que faz....
...

Cavalgada

Respeito
o vermelho e o preto
vestindo as curvas desta mãe.
Admiro
a fala contundente 
e os conselhos que nos dá.
Gosto 
o perfume acalma
e nos faz refletir bem mais
A dança, a voz e os gestos
impressionam
Fortaleza de mulher
sábia condutora de caminhos
que espera seus filhos
para junto com eles
tecer os seus fios


Vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=Ea-sVaqtT6E
https://www.youtube.com/watch?v=z62riQ5fEcg

___________
* Trecho extraído do Projeto PoesiaAtiva, Coletivo Neolíticos - 2013. 

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