domingo, 4 de janeiro de 2015

OLUFEMI


Afinal, quem mais tem que acreditar em nós somos nós mesmos. Quem mais tem que gostar de nós somos nós mesmos. E quem tem que se fortalecer mutuamente somos nós mesmos.

Quilombhoje 
Coletivo de Mulheres Negras do Encrespa Geral

Por: Rosangela Nascimento

Estamos no quarto dia do ano de 2015, e mais um ano se passou e fomos meros observadores de alguns minutos diante do que é o universo. Sempre elencamos um monte de objetivos para o ano vindouro, mas eu estabeleci apenas um “VIVER” e com qualidade, um dia após o outro, sem pressa, sem estresse, ou qualquer coisa que nos tiram a serenidade a calmaria. Vejamos, poderemos pensar que estamos em frente à televisão e toda a nossa existência é transmitida por capítulos de novela, e como toda boa novela tem aquele momento que ninguém quer perder, mesmo já sabendo o que irá acontecer. “O Clímax”, tensão, suspense. Pois, queremos saber se o mocinho vai se dá bem, se a mocinha vai terminar bem sucedida no amor, e a vilã? Essa será demonizada, odiada as piores pragas são desejadas. 

O que queremos de fato dizer é, porque alimentamos tantos sentimentos ruins, ao ponto de não observar os detalhes tão simples,que não conseguimos perceber somos guiados e direcionados como bois, ora é a televisão, ora é o vizinho, ora são os nossos preconceitos, na verdade temos uma enorme necessidade em primeiro julgar antes de analisar o fato. A criança que diz não gostar de cebola, sem nunca ter provado, mas por ouvir alguém dizer que é ruim ela automaticamente absorve este conceito, alimenta, não argumenta e nem questionar.

Enquanto vivemos em pleno século XXI, com comportamentos tão retrógrados, equiparados aos da idade média, ou seja, período de baixo teor de intelectualidade humana, nós, mulheres negras sabemos bem como funciona. A violência é o mais primitivo dos atos, ou sentimentos, e essa se encontra presente no nosso dia a dia, em nossos lares, em nossas vidas. Então, é assim conservador, reacionário que vão mantendo, alimentando o preconceito dando força ao desatinado chamado racismo inalterado e complicado. E como estamos de passagem, de viagem pelo tempo, todo veículo trás em se um pouco do navio negreiro, não podemos pular, este ato não será considerado heroico como foi há séculos atrás, e sim fracasso, drástico. Carregamos o mito de que suportamos tudo, mas isto se aplica ao trabalho pesado, ao intelectual, dizem “somos esforçados”, e porque não dizem “Inteligentes”. Por que o racismo não permite. Mas neste exato momento com todo primitivismo, aí sim digamos somos maravilhosas e safas, toda força ancestral pulsa, grita saem das entranhas, preferimos acreditar que as lendas são verdades e que nos dão forças!
Olufemi, palavra em yorubá e como acreditamos que palavra tem força, repetimos sempre que for necessário, Olufemi, Olufemi, Olufemir... Que significa Deus Me Ama. Por tudo isso, vivemos para driblar o preconceito, romper os grilhões, suportar as inverdades, e não permitir que nos coloquem em lugares indesejáveis e desconfortáveis. Saímos da idade média há séculos evoluímos tanto que dizemos não ao preconceito e ao racismo. Somos seres humanos de tamanha sabedoria que diante de todo o caos que é a nossa sociedade, continuamos, aqui agregando, se fortalecendo e iluminando caminho com luz negra. 

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