quinta-feira, 5 de março de 2015

Não Olhe Para o Chão Sua alma não está nos pés!


Foto: Fernando Azevedo
Por: Rosangela Nascimento
  
Pensar, dia especial para evidenciar uma data simbólica com significado importante, para história das lutas travadas pelas mulheres. Não é a data pela data, mas um caminho, uma brecha, um espaço para discussão de gênero, uma oportunidade de debater sobre a violência doméstica, sobre racismo e demais mazelas sociais que tiram direitos e liberdades. Aquele nó na garganta que trava, que tira o fôlego e inquieta tanto que quando chega “08 de março”, explodi; são cartazes, faixas, pôsteres, e-mails, são muitas vozes que foram silenciadas e adormecidas, forçadamente ao longo da história.

Hoje é o dia!

De dizer que a Lei Maria da Penha é uma conquista, é tipificando a violência que melhor se combate. É não justificar a violência, pois se justificada simplesmente deixa de existir, tornando-se culturalmente natural. É colocar em evidencia as desigualdades de gênero e raça. Compreender que a mulher ou o homem pela sua posição social não tem privilégios, pelo lugar que ocupa historicamente pela promoção da raça/cor. Assim a mulher negra, ocupa os piores trabalhos, os piores salários, e mínimo e menor respeito. Então, é partindo deste pressuposto que vão se construindo, novos pensares, políticas de reparação de danos.

Particularmente, desabafando enquanto mulher negra, falo de onde estou, na margem, do lado renegado da história, que insistem em ocultar, este oito de março é mais um dia de luta, por outras e outras mulheres, negras e não negras. Erguendo, tropeçando, levantando, insistindo e teimando, sempre afirmando é possível, é possível ter uma vida sem violência! Por isto não olho, e você companheira não olhe para os seus pés, eles irão te colocar na direção certa, no trajeto de luz, na direção da tua alma, na direção da liberdade. Isto só acontece com teimosia e sabedoria, e alguns anos de militância, fé e coragem em si mesma.

Desvencilhar - se, não olhar para os pés, mas nas diversas possibilidades de garantia de direitos para as mulheres, assim como a PEC das Domésticas (nº 66/2012) categoria que possui maior número de mulheres negras, a lei foi aprovada os seguintes pontos; à jornada de 44 horas semanais, o pagamento de horas extras com adicional de 50% e o respeito a acordos e convenções coletivas, como também a concessão de auxílio-creche, o pagamento de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o adicional noturno. Quando se garantem direitos básicos à possibilidade de sonhar é bem maior.

A alma tem que está leve, fortalecida e vibrando por cada conquista, por menor que seja, tem que ser comemorada. Vamos erguer os punhos e gritar por melhores condições de vida, por dignidade humana, sem violências. Olhem para além do horizonte, para o infinito, pois seus pés já conhecem o caminho, rumo aos novos caminhos de direito. Fixaremos o olhar, para o futuro carregando toda ancestralidade de força para vencer o opressor, o desnecessário, não olhe para o chão, pois sua alma é livre é total gozo de liberdade!

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