domingo, 9 de novembro de 2014

Viva Zumbi, Salve Dandara, Salve Aqualtune!

Mulheres negras são como mantas kevlar,
Preparadas pela vida para suportar,
O racismo, os tiros, eurocentrismo,
Abalam, mas não deixam neurônios cativos.
Yazalú
Arte por: Adelson Boris
 




Por: Rosangela Nascimento

Mergulhando no mar de lembranças, e histórias contatadas e recontadas, talvez esquecidas, ou, quem sabe adormecidas. Iniciando um mês dedicado a consciência negra, sendo uma grande conquista para nós, negros e negras. De forma prática, pensar e refletir os saldos positivos e negativos, mas lembrar de e exaltar as mulheres guerreiras que só nos fortalecem, não esquecendo as que de forma abrupta foram mortas e retiradas de sua luta e lida diária, deixando para trás sonhos e perspectivas, transformando em angústias, sendo essa renovada e modificada para seguir em frente.  Então, neste espaço de tempo corriqueiro vamos Saldar a todas as guerreiras, Salve Dandara, Salve Aqualtune, Luíza Mahin, Lélia González, Salve Cláudia...

Ser mulher, negra e nordestina, não é fardo é motivo de orgulho e ao mesmo tempo reavivar a memória. As formas de torturas são muitas, a reação é que é de impressionar. Mulheres são retiradas de sua terra natal, o grande útero da humanidade “África”. Em pleno alto mar, negando a escravidão se jogam, corpos imersos, algumas com crianças nos braços. Suicídio, ou, melhor dizer, um ato de coragem e de resistência impressionante. Imaginar está cena, é não sentir dor, mas se apegar a essa força e dizer “Não queremos ser escravas”, Não somos objetos, somos seres humanos e lutamos pelo melhor que há neste mundo.  Por isto, e outros mais, somos aguerridas de força e sentimentos de justiças.

Partindo deste pressuposto, percebemos e valorizamos as mulheres que ao lado de Zumbi dos Palmares lideravam, lutaram e ergueram o Quilombo de Palmares, nem mais nem menos. Mas dizer euforicamente “Viva” Zumbi é ampliar este olhar, pensar de forma holística, valorizando atores e atrizes. Ao saudar o líder negro, também valorizamos, reconhecemos as guerreiras que em busca de liberdades, não escravização do ser, ergueram lanças e escudos, fortalecendo a retaguarda. Apegando-se a essa ancestralidade, é liberar energias positivas para uma nova realidade. Enquanto mulher, cada uma que é morta por aborto, suicídio e qualquer outra tipificação da violência, daremos um grito, pois essa é forma mais sutil de extermínio contemporâneo. Mover a força que se encontra em nossas entranhas, cobrando para que políticas reparadoras sejam implantadas e humanizadas.

Contudo, dizer viva Zumbi, mas não esqueçamos de Dandara e Aqualtune que nos deixaram resistência, força, sabedoria, inquietas e inconformadas por um país que contém anos de exclusão social. Trazer estas guerreiras para a roda da vida é sempre lembrar que a força que nos move é a de indignação é a força que vai além, é a mesma que energiza as Deusas africanas, Oyá, Oxum e Obá, cada uma com sua história peculiar, mas se tiverem que guerrear deixa de lado suas fraquezas, para somar com outras e outras guerreiras que se encontram no Orum, que espiritualmente continuam presentes.

Viva Zumbi! Salve Dandara! Salve Aqualtune!

 

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