quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sair no aú!

Imagem Google

Por  Rosangela Nascimento

Fui chamada para ir à rua, para uma roda. Ah! Uma roda de capoeira? Não exatamente, mas a roda da escrita, a roda da vida. Aonde as palavras compõe a festa, a Kizomba e desfilam no mundo, seja ele, real ou irreal. Mas, esta circunferência de equidade e igualdade, é que me permiti ir além, viajar. 

Agachei, fui preparando um aú, suspirei, peguei a caneta e o papel e as palavras voavam e como voavam! Apanhando com rapidez como um súbito golpe de capoeira, voltando a gingar. Tudo isso, por causa de um diálogo virtual, um preto me provocou, me convocou, me chamou para briga. E ele teclou!
CORAGEM, CORAGEM, CORAGEM! 

Inacreditável, titubeei um pouco, aí lasquei a benção! Vou chamar a afoita de dentro de mim, para ir à rua, também sei dar pernada. Eita, ainda bem que utilizei a palavra “afoita”, foi demais ultrapassou toda a linha do limite. Como estava na roda, era de igual, logo reconheci que o momento era de aprendizado, do saber ouvir para poder compartilhar. Em pleno domingo de carnaval, não teve frevo, maracatu ou afoxé só ouvia o berimbau tocando, no in box do Facebook, fui chamada para jogar com as palavras, sair no aú, de caneta e papel na mão com o Mestre Lepê Correia. Não apenas leu as Abobrinhas, couves, alfaces e algo mais. Degustou e me convocou para gingar. 
Então, fazer o quê quando a vida desafia? Dobrar a aposta, reiniciar, agachar, sair no aú, permitindo-se a saborear um novo universo, não totalmente desconhecido, pois os textos, as palavras estão todas em mim, oralizadas em minha mente, em minha ancestralidade. Continuo a gingar, em movimento, como numa dança, embalando o corpo e a alma, sendo levada pelo som do berimbau que me despertou, fazendo uma cocorinha sem perder o equilíbrio ou perde de vista o objetivo, pois a vida é jogo, aqui uma roda de capoeiristas que descrevem estórias, negras e belas histórias. Com a certeza, de que muitos Rolê irão acontecer, mas o desafio já foi posto, agora é deixar a roda girar e responder o coro.

Olha lá o negro
Olha o negro meu irmão!
Ele não vai me derrubar 
Ele é safo e ligeiro
Companheiro, trabalhador 
Escritor e poeta
Olha lá o negro 
Esse negro foi meu professor 
Olha lá o negro!
O negro meu irmão. 

E assim, seguimos na ginga e no aú em pleno deslocamento estrelado que permiti crescer, viver de forma circular. Axé, Meu Mestre.
Foto: Google Imagens/  Lepê Correia

Grata,dedico com muito carinho e felicidade, para o Professor,escritor,poeta... Lepê Correia. Por me incentivar a escrever, trazendo luz negra aos meus olhos! 

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