segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Momento de Prosa Com Ívano!


Foto: Arquivo pessoal do entrevistado

Temos a honra e o prazer inenarrável, em prosear com um representante da música afro do nosso Estado, ele que abrilhanta os palcos com beleza negra e talento, despertando o público com energias positivas emanando boas vibrações, estamos proseando com cantor, Ívano.

Pernambuco Afro Cultural (PAC)
1 – Diz para gente quem é você? Como começou sua atuação no cenário da música Pernambucana?



Ívano...Sou músico e ator....na música comecei no final de 1979 depois de assistir um show de Jimmy Cliff e Gilberto Gil no Geraldão, do Gil eu já era fã devido seu posicionamento como negro, e a banda Jamaicana que veio com Cliff me deixou fascinado”os rastas” todos fardados como se estivessem em combate contra todo tipo de injustiça inclusive o preconceito racial e social.Como ator estreei com a peça "os negros” de Geneat no teatro do Parque nos anos 80. Fui para o Rio de Janeiro e fiz participações na novela ‘’Xica da silva” (Manchete) e ``Malhação (Globo).


(PAC) 2 - Em sua opinião, como é o cenário musical em nosso Estado?
Ívano...Em matéria de artistas criadores tá ótimo, agora o  que falta são produtores capacitados, pois o que temos na maioria são meros repassadores de nota não generalizando.

(PAC)3 – Você já sofreu algum ato racista?

Ívano... Muitos principalmente da polícia, eles implicavam comigo porque eu sou negro da Favela e com cabelos dreadlooks (O dreadlock é uma forma de se manter os cabelos que se tornou mundialmente famosa com o movimento Rastafari, consiste em bolos cilíndricos de cabelo que aparentam "cordas" pendendo do topo da cabeça.) circulando no centro da Cidade do Recife nos meios culturais, na minha volta para casa sozinho indo para Favela do Caranguejo na Madalena era sempre importunado ao ponto de alguns brancos pararem seus carros e falarem para a policiais "deixem o garoto ele não fez nada". Também era alvo fácil dos playboy voltando ou indo a pé eles passavam de carro e jogavam ovos e gritavam nojento corta esse cabelo, mas no fundo isso me fortalecia sabia que meu cabelo tava incomodando ele era minha forma de protesto saquei que no fundo eles estavam com inveja da minha força. Além do mais obtive o hábito de ler para criar a cultura e escrever letras com base daí ganhei diversos Festivais de música como: Arizona (Souza cruz) Canta Nordeste(Globo) Radier (Col. Radier) Frevança (Globo) Bancários (Sindicato dos Bancários) e diversos Festivais de música Carnavalescas da Prefeitura do Recife sempre compondo e interpretando músicas de maracatus.
*Note que no início dos anos 80 ninguém usava dreads no Recife isto incomodava muito, ainda estávamos vivendo a Ditadura que só veio “acabar “ se é que posso dizer assim, em 1985 fui um dos primeiros a adotar os dreads depois de ver os Jamaicanos no Geraldão como já citei anteriormente. 

(PAC)4 - Entre todos os seus belíssimos trabalhos, qual você gosta mais?

Ívano... São filhos gosto de todos, mas posso destacar : 

  • Tire essas mãos de mim, vá lavar suas mãos;
  •  Pulei do Bonde;
  • Sidney; 
  • Sítio Bela Vista e ‘’Descondicione se é tudo mentira”.

(PAC)5 – O que estimula o seu trabalho com a música negra?

Ívano...Minha vida, a ótica que observo o mundo ao meu redor, as alegrias, as injustiças, o amor, a crueldade, o eco sistema e a mãe natureza. Me considero um pensador na sua forma mais pura.
Foto: Arquivo pessoal do entrevistado
(PAC)7 - O que você diria para uma iniciante, que queira cantar? 

Ívano...Cante veja o exemplo do povo brincante da cultura popular, eles cantam e são felizes. Observe
As meninas do coco cantando maracatu, do cavalo marinho o caboclinho, enfim toda forma de manifestação popular sempre  cantam. Recentemente assisti um filme chamado “ Incêndio” tinha uma guerrilheira prisioneira de guerra que desde que foi capturada cantava o tempo inteiro na sua cela número 72 e incomodava muito seus algozes a chamavam a “mulher que canta” mesmo sendo torturada veja que coisa forte que hombridade aguerrida, inefável.

(PAC)8- Tem algum show marcado? Quando e onde será? 

Ívano...Não.
Na verdade, estou na fase de montagem do show “prisioneiros de guerra” estreia em 2016, minha intenção é que seja no Teatro do Parque onde fiz meu primeiro show profissional dentro do Projeto Pixinguinha 1985 sob o patrocínio da ‘’ Fundarpe’.Sem mais delongas, valeu  contem comigo.
Saudações quilombolas, axé!

O Pernambuco Afro Cultural agradece ao artista Ívano por este prazeroso Momento de Prosa, axé e muito sucesso em seus fazeres e muita luz negra em seu caminho.

Foto: Arquivo pessoal do entrevistado

“ A felicidade do negro é uma felicidade guerreira” 
(Gilberto Gil\ Wall Salomão).

“Podem algemar as minhas mãos, mas jamais a minha voz” (Ívano) in“avançando mil sinais” do long play (vinil ) “rebeldia e dança” recife 1994.
Axé, tenho minhas deficiências, falo sem maquiagem, as vezes bruto e rebelde, mas no âmago sou muito singelo. Eu sou Ívano Nascimento. Obrigado!

Serviço:
Telefone: (81) 98641- 8534
Link: https://www.facebook.com/ivano.f.nascimento?fref=ts
E-mail:       ivanonascimento@yahoo.com.br

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