Por: Rosangela
Nascimento
Contar estórias é sempre
muito bom, mas o que irei relatar é uma vivência, uma mobilização
involuntária. O nosso personagem central
não é fictício, tem seis anos, acorda às sete horas da manhã, toma o seu café e
vai “trabalhar”. Eu uma mera escritora, aspirante é mais adequado, observo todos
os dias a rotina desta criança que mobiliza outras crianças para brincar de
escola. A escola tem quadro a giz, cadeiras, mesa, coordenação, brinquedos
espalhados pelo chão. Agora pasmem, as crianças comparecem, de domingo a
domingo, fazem tarefa, respondem a lista de frequência e obedecem ao seu
professor, e tem mais um dos alunos é especial então ele monta na bicicleta e
leva *Joaquim até sua casa, e quando as crianças não querem ir à suas casas
para realizarem sua rotina normal, se jogam no chão. E fico a me perguntar, o
que tem na escola de Pedro? Eu respondo
tem vida, respeito, igualdade e amor. E mais inquietante é que o único
alfabetizado é Pedro, e isto é muito triste, são crianças numa faixa etária
mais avançada.
Como aprendo com os
ensinamentos desta “escola”, que com recursos mínimos consegue despertar e
agregar as crianças para uma atividade do bem. Acredito que o nosso fazer enquanto
adultos contribui bastante para personalidade das crianças, bons exemplos e
boas práticas de fato isto é fortalecedor e solidificam uma boa base. O período é de comemoração, dos festejos
juninos, e eu pergunto ao “Pefessor”, não é Professor, pois é assim que ele é
chamado. Vai ter festa junina? Ele me encara e diz. Eu não tenho dinheiro! Eu,
inquieta de observar o movimento, segui mobilizando outros adultos para
contribuírem. Reconhecemos o que ele faz e tem enorme valor e é lindo temos que
fortalecer, pois identificamos uma liderança nata, por volição.
Então vamos aos preparativos
da festa, apareceu milho de pipoca, canjica, mungunzá, coco, as bandeirinhas
foram produzidas e o espaço se iluminou, ganhou vida, os risos de felicidade
das crianças estes são os combustíveis e a nossa recompensa. Um momento de bem aventurança que faz com que
contagie quem deste momento se alimenta.
O dia da festa, o Pedro o
Pefessor, acordou horas antes, isto é cinco da manhã, não saiu do quarto, pois
sua mãe só liberou às sete horas. E as educandas, o sexo feminino é o que
sobressaem, chegaram cedinho para limpar e organizar o espaço da festa. O
melhor momento da vida é a infância, tudo pode ficar lindo e maravilhoso, tudo
dá certo, é assim que funciona basta utilizar a imaginação. E como nós, adultos nos entregamos às mazelas
da vida, perdemos a capacidade de sonhar, de recriar a partir da nossa
imaginação. Eu poderia argumentar citando alguns teóricos para discorrer sobre
o processo da aprendizagem, mas não julgo como necessário.
E como foi a festa?
Assim que o “Pefessor”
chegou da escola formal, foi verificar se tudo estava pronto, estava um pouco febril,
acreditamos que devido ao emocional, tomou remédio, banho, vestiu-se todo
elegante com um bigode feito a lápis, montou na bicicleta e foi buscar os/as
educandos/as em casa. E a noite foi de
forró, coco, ciranda, hip hop, fogueira ecológica, brincadeiras e as comidinhas
típicas, e corações e mentes repletos de bem estar.
Com muito carinho ao meu
querido sobrinho Pedro Henrique, que continue a mobilizar e inquietar as
pessoas pelo bem fazer, pelo simples fato de valorizar a vida com direitos
humanos.
*Nome fictício.
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