sexta-feira, 26 de junho de 2015

A Escola de Pedro




Por: Rosangela Nascimento


Contar estórias é sempre muito bom, mas o que irei relatar é uma vivência, uma mobilização involuntária.  O nosso personagem central não é fictício, tem seis anos, acorda às sete horas da manhã, toma o seu café e vai “trabalhar”. Eu uma mera escritora, aspirante é mais adequado, observo todos os dias a rotina desta criança que mobiliza outras crianças para brincar de escola. A escola tem quadro a giz, cadeiras, mesa, coordenação, brinquedos espalhados pelo chão. Agora pasmem, as crianças comparecem, de domingo a domingo, fazem tarefa, respondem a lista de frequência e obedecem ao seu professor, e tem mais um dos alunos é especial então ele monta na bicicleta e leva *Joaquim até sua casa, e quando as crianças não querem ir à suas casas para realizarem sua rotina normal, se jogam no chão. E fico a me perguntar, o que tem na escola de Pedro? Eu respondo tem vida, respeito, igualdade e amor. E mais inquietante é que o único alfabetizado é Pedro, e isto é muito triste, são crianças numa faixa etária mais avançada.
Como aprendo com os ensinamentos desta “escola”, que com recursos mínimos consegue despertar e agregar as crianças para uma atividade do bem. Acredito que o nosso fazer enquanto adultos contribui bastante para personalidade das crianças, bons exemplos e boas práticas de fato isto é fortalecedor e solidificam uma boa base.  O período é de comemoração, dos festejos juninos, e eu pergunto ao “Pefessor”, não é Professor, pois é assim que ele é chamado. Vai ter festa junina? Ele me encara e diz. Eu não tenho dinheiro! Eu, inquieta de observar o movimento, segui mobilizando outros adultos para contribuírem. Reconhecemos o que ele faz e tem enorme valor e é lindo temos que fortalecer, pois identificamos uma liderança nata, por volição.



Então vamos aos preparativos da festa, apareceu milho de pipoca, canjica, mungunzá, coco, as bandeirinhas foram produzidas e o espaço se iluminou, ganhou vida, os risos de felicidade das crianças estes são os combustíveis e a nossa recompensa. Um momento de bem aventurança que faz com que contagie quem deste momento se alimenta.
O dia da festa, o Pedro o Pefessor, acordou horas antes, isto é cinco da manhã, não saiu do quarto, pois sua mãe só liberou às sete horas. E as educandas, o sexo feminino é o que sobressaem, chegaram cedinho para limpar e organizar o espaço da festa. O melhor momento da vida é a infância, tudo pode ficar lindo e maravilhoso, tudo dá certo, é assim que funciona basta utilizar a imaginação.  E como nós, adultos nos entregamos às mazelas da vida, perdemos a capacidade de sonhar, de recriar a partir da nossa imaginação. Eu poderia argumentar citando alguns teóricos para discorrer sobre o processo da aprendizagem, mas não julgo como necessário.
E como foi a festa?
Assim que o “Pefessor” chegou da escola formal, foi verificar se tudo estava pronto, estava um pouco febril, acreditamos que devido ao emocional, tomou remédio, banho, vestiu-se todo elegante com um bigode feito a lápis, montou na bicicleta e foi buscar os/as educandos/as em casa.  E a noite foi de forró, coco, ciranda, hip hop, fogueira ecológica, brincadeiras e as comidinhas típicas, e corações e mentes repletos de bem estar.
Com muito carinho ao meu querido sobrinho Pedro Henrique, que continue a mobilizar e inquietar as pessoas pelo bem fazer, pelo simples fato de valorizar a vida com direitos humanos.

*Nome fictício.


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