segunda-feira, 26 de maio de 2014

MEU CORPO NEGRO,não é uma mancha!


Lupita Nyong'o
Por: Rosangela Nascimento

Em cada pedaço do meu ser, em cada membro, são as melaninas existentes que afirmam a minha identidade. Isto posto, certamente saberão que induzir, iludir, fragilizar, criar falsas expectativas são violências, a qual sobre caem aos negros e negras e seus respectivos descendentes.

O mundo, tem passado por processos contínuos de mudanças, mas o racismo ele sempre permanece,se reinventando e camufladamente tentando persuadir e ludibriar o ser. As crianças são sempre as maiores vítimas, lembro-me de que quando criança, por ter menos melanina que meus irmãos, participava de momentos seletos (excludentes), ainda ouvia falas do tipo:"Você não é negra, é morena clara" ,ou seja, QUASE, igual a nós! Aos treze anos me descobri negra, e isto me trouxe uma enorme alegria, pois podia ser eu mesma, em qualquer lugar, e estar e conviver com quem me fizesse feliz de verdade. Então, esta realidade é vivenciada e socializada por muitas pessoas de pele preta. Desde os fios dos cabelos a ponta do pé, nossa negritude é a herança de um povo forte e aguerrido.

“Vi uma matéria que me fez refletir bastante, onde a Cantora nigeriana Dencia é uma das criadoras do creme Whitenicious, que promete clarear pele negra e morena em até sete dias. Grande sucesso na África Ocidental, deixando-as livres da hiperpigmentação, de manchas escuras e até de acnes. O produto foi desenvolvido e está sendo promovido pela pop star nigeriana - até então negra -, que utilizou o cosmético em todo o corpo e apresentou um resultado surpreendente ao exibir a cútis muito mais clara.” 
Acho este fato assustador, espantoso e monstruoso, convido-os para uma reflexão, o que há por trás deste discurso? O que faz uma cantora negra ser o marketing deste produto? 
O processo de embranquecimento, tem uma fórmula, e segundo Dencia, milagroso! O que faz de uma pessoa querer mudar a tonalidade da sua pele? 

Eu vos digo, o RACISMO, que te nega ser quem você é de verdade, que te tira oportunidades, bons empregos, um ensino de boa qualidade e a tua identidade. Ou seja, ser negro ou negra é ruim, tão ruim, que para ser aceito na sociedade "tem que mudar de cor",ou abrir mão desta hiperpigmentação. Ao mesmo tempo, presenciamos uma mulher negra sendo considerada a mais bonita do mundo, a Lupita Nyong'o que ao ser consagrada com o prêmio do Oscar, vira uma referência para as crianças, adolescentes e mulheres negras, afirmando é possível, somos belas e capazes, nem mais nem menos.

O nosso corpo negro não é uma mancha, já o preconceito é fardo que nos persegue, confunde, ilude. Vivemos uma ambivalência de um lado o racismo, do outro o preconceito. De fato, temos uma desigualdade racial, como também pessoas oportunistas, que vêem na sociedade um mercado a ser explorado, ofertando algo que tira teu chão, tuas raízes em sete dias. O que levam anos para ser construindo, o racismo retira em uma semana.

Pro forma, assim segue a sociedade, mas há um movimento atento fortalecendo a autoestima e dizendo não a essas fórmulas sui generis. O meu corpo negro, não é uma mancha, ele é o melhor de mim, e de muitas outras. Orgulhosamente a dizer completo de hiper melanina!

Consultar:
http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30755

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