Por: Rosangela Nascimento
Se você ao ler o título não riu, relaxe! Porque estamos rindo até agora, achamos cômico quando Dona Maria soltou essa pérola. Então, vamos prolongar esta prosa, este papo um bucadinho.
Para melhor compreender, é necessário apresentar Dona Maria, ela que saiu do Interior de Tupaoca, em Goiana/Pernambuco, aos sete anos, após falecimento de sua genitora, obrigada pelo destino, foi trabalhar numa casa de família, aplica-se aqui exploração do trabalho infantil. Mas, naquela época era comum as crianças negras, irem parar em casas de famílias não negras ricas, apenas uma nova modalidade da Casa Grande, onde as negras além serem brinquedos, perdiam sua infância e parte da juventude. A mesma, casou-se como não teve muita oportunidade de estudar, iniciou após ter quatro filhos, estudando o necessário para garantir um emprego digno. Ingressou no serviço público onde continua a trabalhar aguardando o dia da sua aposentadoria.
Como nossa personagem, teve quatro filhos esses lhe deram netos: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. Ufa, parou! Onde a mesma criou o mais velho, o fela da puta, como a mesma diz. Diante de algumas passagens ruins que a vida proporcionou, sempre agradece. Portanto, educar adolescente é sempre desafiador, em qualquer contexto, e após dezesseis anos nasce o sétimo neto, que veio virado no samurai, em plena efervescência tecnológica, já nasceu fazendo posse para Facebook, e a nossa protagonista velha, cansada não aguenta o repuxe, dá para imaginar o cenário, é aquele corre, corre, sobe ali, acolá. E diante, da lida desta guerreira, sem escudo e sem lança, no tom repleto de ironia ela exclama: “ Eu vou pro céu com tripa e tudo”, a cada dia um novo desafio, uma nova prosa para contar. Assim é a vida, cada um com o seu fardo. Dona Maria, enche o peito de ar, levanta a cabeça, e segue o curso de sua caminhada, cheia de misticismo, mistério e coragem! Como a curiosidade é sempre aguçada, enquanto registrávamos essa prosa, surge a pergunta! Como é fisicamente Dona Mª?
Entre olhares, apareceu uma breve pausa (...), bem ela é de estatura mediana, cabelos pixaim grisalhos, parecem algodões e pele ébanificada, sábia como uma preta velha sem cachimbo, mais repleta de axé, e abraços de fé, daqueles que parecem um passe, deixando aquela sensação de bem estar a quem o recebe. Se há, esta possibilidade de ir para o céu com tripa e tudo, com certeza ela irá, terá o seu pedido atendido, lembramos de um ditado popular que diz: “ A gente só colhe o que planta”, e quando se faz o bem, trabalha com amor reafirmamos, Que assim seja! E ela irá para o Céu Com Tripa e Tudo, rsrsrsrs!
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