terça-feira, 29 de novembro de 2016

Negras, Poesias Negras!

Foto: Fernando Azevedo 


O que é Poesia?

Para mim
             Não é pão
Não é feijão
             Não é chão não!
É sonho
              É desejo
De  voar
               Sair plainando
Nos ventos 
               De Oyá



Meu Berço 


Pernambuco
Multicultural
Do melhor carnaval
Da terra dos bonecos gigantes
Olinda minha gênese

Pernambuco
Do frevo
Maracatu de Seu Luiz de França
Da ciranda de Dona Duda, Lia de Itamaracá
Do Xangô de Mãe Amara, Oxalá de Dona Dadá

Pernambuco
Do Afoxé Ilê de África
Ará Odé, Alafin Oyó, Ilê de Egbá e Oxum Pandá
Todo o axé do Pátio do Terço, tambores silenciosos
Baile perfumado de Badia

Pernambuco
Do forró de Gonzagão
Do Xaxado do roçado
Lampião, do inestimado
Rei do Baião

Pernambuco
De rimas e prosas
Hip hop do Cais de Santa Rita ao Sertão
Dos lendários Faces dos Subúrbios
Aos negros Zulus irmãos

Pernambuco
De Inaldete, Lepê
Serra da Barriga, Caxinguelê
Coisa de preto, lindo de se vê

Pernambuco
De negras tranceiras
Parteiras e Benzedeiras
Hastes Brasileiras do Orí
A cabaça do mundo fluí

Pernambuco
Do Mestre Salú
Riqueza cultural inesgotável
Inestimável maracatu rural, cavalo marinho, bumba meu boi
Depois a encantada rabeca faz foguetos virá brinquedos

Pernambuco
De Tatá Raminho
Paulo Brás
Valdir Afonjá, Ívano
Anastácia e Afro Camarás

Pernambuco
De movimentos
Pátio de São Pedro
TERÇA NEGRA
Resistência espaço de fomento

Pernambuco
Do coco de Mãe Biu da Xambá
Do ritmado som do Bongá
O Raízes de Quilombo
Ao bater do tambor faz o morro balançar

Pernambuco
De Sol
De Solano Trindade
Que faz poesia de preto ganhar movimento
Protestando com zunido de trem

Pernambuco
Das máscaras de seu Julião
Capoeira de Sapo e Ceça Axé
Faz o chão brilhar de estrelas
Com Mestre Meia Noite no Daruê

Pernambuco
De Malunguinho, Vicente Saberé, Majê Molê
Mercado de São José, Backnaré
Alto da Sé, Palácio de Yemonjá
Samba de Preto Velho, Amalá

Pernambuco
De Naná Vasconcelos
Coral Voz Nagô
Meu coração percussivo
O rio Capibaribe abraçou

Pernambuco
Afro Cultural
Artes mil
Coração da Resistência Negra
Latente deste Brasil!

Baobá

Cresce no meu peito
Um envelhecido Baobá
Cheio de histórias
E riqueza a prosperar

Frondosa e generosa
Sua experiência a
Minha se completou
Longevidade e generosidade

Acolheu a minha dor
Baobá centenária e lendária
Baobá Africana

Guardiã de segredos
Acolheu os meus medos
Fortaleceu-me como suas raízes.

No Compasso

Quando penso em poesia
A melodia entra pelos porós
Pelos olhos
Pelos fios crespos da minha cabeça

Tem cheiro
Cor e som
Todo o Cortejo do Maracatu
Leão Coroado

Sou rainha,
Ou Dama do passo
Meu coração não pára
As pernas tremem

Com assonâncias
E aliterações
Emoções, canções
Loas em versos

Reflexo de África
No compasso
Histórico e poético
A vida se refaz

Se compraz
A cada batida da alfaia
Repercussivo, respectivo
Relativo ao andamento.

Iabás

Oyá dona dos ventos
É a força do movimento
Da natureza, início, meio e fim

Obá
Mulher guerreira
Valentia igual não há!

Oxum Deusa
Das águas doces
Água encanto da vida

Iabás senhoras formosas
De encantos e prosas
Exalam o perfume das rosas

Recomeço

Já que não posso ir à África
Trago ela para dentro de mim
Pelo meu Orí
Pelo meu falar
Ato de gesticular e cantar
Coloco um turbante
Faço tranças no cabelo
Tudo muito elegante

Lá no Terreiro falo iorubá
Escuto histórias de Deusas
Oxum, Oyá e Obá
Força, energia e vitalidade
Somente por ela
Mãe África é ela
Quem ensina a recomeçar!



Poesias de Rosangela Nascimento ao utilizar por gentileza citar fonte.

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