segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Sarau Afro Saudando Inaldete Pinheiro

" Na mitologia Angolana existe uma aranha chamada Nasci, ela tece a história do mundo. Quando ela sai da teia, ela puxa o fio e vai contando história."  

Escritora Inaldete Pinheiro - Google Imagens
Por: Rosangela Nascimento


A importância em registrar, sistematizar e compartilhar memórias, são para nós negros e negras uma verdadeira continuidade.  Heranças internalizadas, aprendidas oralmente, deixadas por nossos ancestrais, e os ensinamentos repassados sempre preservados nunca serão esquecidos. Então, pedindo benção "Ago Iyê" (respeitosamente, dê licença) iremos socializar um pouco da trajetória desta grandiosa Griô, que espalha luz negra por onde passa, com sabedoria e propriedade. 
E puxando fios, tecendo teias, iremos saudar Inaldete Pinheiro de Andrade, nascente em 1946 Parnamirim / RN, chegando em Recife/Pernambuco no ano de 1969, no intuito de cursar Enfermagem já que a Universidade do Rio Grande do Norte não ofertava o curso de graduação. Assim, formou-se na UFPE, consecutivamente Mestrado em Serviço Social. Idos de 1979 com a repressão da Ditadura Militar engajou-se no movimento em prol da igualdade racial, tornando-se uma das fundadoras do Movimento Negro de Recife/PE. Não parou por aí, seguiu inquieta, desenvolvendo ações em seis comunidades Quilombolas no Sertão do nosso Estado. 
Atualmente, "Segundo a Comissão Estadual das Comunidades Quilombolas de Pernambuco, há aproximadamente 120 comunidades quilombolas no estado ". (Fonte: http://www.cpisp.org.br/).  
Preocupada com a saúde da população negra, provocando diálogos e incentivando a implementação do Programa de Combate à Anemia Falciforme, que obteve êxito. Fundadora do Centro Solano Trindade (1989) e do Fórum de Mulheres de PE. 

Falar de poesia negra pernambucana, é buscar na história os fatos vividos, os feitos realizados e a Inaldete foi, e é, uma semeadora, propagadora das narrativas.   

Paixão Por Pernambuco 
Pela Raça ( Revista Continente 29/novembro/2008)

"Dizem que paixão é um 
sentimento ardente, que 
acende todo o sistema
Corporal de quem vive: o
coração dispara cargas
sucessivas de prazer; a pele
acalma; os olhos brilham; ri à 
toa; as pessoas são seguras,
elegantes.

Se, se apaixona por gente,
bicho, lugares, comida, livros
Coisas...Com intensidades
diferentes. Paixão assim
emerge as projeções que 
alguém faz de objeto
Apaixonado. Foi projetando
Pernambuco aos quatro
Cantos redondos do mundo
que Solano Trindade declarava 
sua paixão pela terra natal,
tintim por tintim, com poesia." 

Defensora da inclusão da disciplina e história da África e da Cultura afro pernambucana nas escolas. Com ênfase na lei 10.639/03. É filiada à União Brasileira de Escritores (UBE), autora de livros e publicações que valorizem a difusão da riqueza da cultura negra. É detentora do Título de Cidadã Recifense e recebeu em 2010 a medalha de mérito ouro Zumbi dos Palmares. Em 18 de julho aconteceu o lançamento da biblioteca Inaldete Pinheiro ( Projeto Ideia Criativa da Fundação Palmares). Trinta e cinco anos de militância e muitos fios para serem desenrolados. 

Palmares ( Jornal Negritude ano II - Nª 04)

Subi a Serra da Barriga com devoção
Ciente que pisava a terra da libertação

Cada quilombola por mim era reverenciado 
Que resistiu a tudo para não ser escravo

Subindo a Serra da Barriga eu sofria 
Porque destruíram uma linda utopia 

A utopia de uma Nação justa e livre 
Que o povo por ela luta e vive 

Nossa utopia não é só imaginação 
É a luta diária pela nossa libertação!


À Inaldete ( Rosangela Nascimento)

Oásis negro
Flor Potiguar
Que migra
Para estudar

Em movimento 
Assim ébanificado 
Pleno de busca 
De respeito 
Direitos, igualdade
E o essencial, HUMANIZAÇÃO

Fortalecendo Quilombos 
Contando histórias 
Re contando trajetórias 
Essa guardiã da memória 
Que cria teias como aranha 

Tecendo conhecimento 
Inquieta, inquieta-se 
Do Baobá 
Fez seu coração 
Seu chão 

Assim guarda 
Todo o Continente Africano 
Como oceano 
Que renova suas águas 
E deságua, deságua, deságua...

Inaldete 
Guerreira 
Combatente 
Caneta e papel são 
como armas 

Seu quartel 
É a biblioteca 
com todos os acervos 
bélicos benéficos 
Em prol do respeito 

Levando as crianças 
Do Brasil
Um novo mundo 
Um sem racismo
Com oportunidades iguais. 


I nteligente
N egra
A legre
L ivre
D estemida 
E studiosa
T eimosa
E ngajada 

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