O nosso “Quilombo Virtual”, em mais um Momento de Prosa, tem o prazer, a honra em receber, um dos representantes do Movimento Hip Hop de
Pernambuco,que desde a década de 80 vem fomentando o cenário da música nordestina Zé Brown.
Foto: Arquivo Pessoal do Artista |
P.
A. C
Para início desta prosa, quem é Zé Brown?
Brown...
Antes de chegar em Zé Brown, temos que falar um pouco de José Edson Da Silva,
conhecido em toda Zona Norte do Recife como Nego Léo,filho adotivo de uma família
natural de Nazaré da Mata e criado em duas realidades, uma que é o Alto José do
Pinho, um setor urbano e a outra é Nazaré da Mata, uma região interiorana, tive a
sorte de ter nascido no Nordeste, onde desde a minha infância,adolecência e fase
de adulto tive um apego imenso pela cultura popular e suas filosofias,
resumidamente reflete em ZÉ BROWN.
P.
A. C Conte-nos como começou sua carreira artística?
Brown... No início dos anos 80 comecei a jogar capoeira no Morro da Conceição com o
Mestre Cancão de Fogo, e toda sexta feira na Praça do Trabalho acontecia uma
feirinha típica, onde tinha uns encontros urbanos e uma equipe de som chamada "Geração 80" comandava
um repertório de músicas bem variadas, mas rolava umas músicas e
consequentemente uma dança que me chamava atenção, a música era o Soul o Funk e
o Rap e a Dança era o Break, pronto ali começou minha carreira artística, vi
aquela dança e me indetifiquei com a performance da capoeira e disse a mim
mesmo, quero aprender essa dança! O curioso,
é que não sabia que aquela dança fazia Parte da Cultura Hip Hop, daí fui
praticando, conhecendo uma rapaziada do movimento, me dedicando a cultura e fazendo
parte de várias coisas que o Hip Hop
proporcionava.
P.
A. C Como
você, define o Movimento Hip hop em nosso Estado?
Brown...Uma Cultura promissora e que realmente transforma e muda comportamento, chama muito
a atenção dos jovens, mas infelizmente não tem estrutura pra ser trabalhada
como deveria ser, temos atividades e não temos espaços físicos suficiente para
desenvolver suas funções,mas fico feliz em ver a evolução do Hip Hop, aqui em
nosso estado principalmente quem leva ela a sério, e os 4 elementos estão de
parabéns o BREAK,GRAFITE,DJ,MC vejo um avanço para o profissionalismo.
P.
A. C Qual
a relevância que teve a Faces do Subúrbio na sua vida?
Brown...O
Faces foi minha projeção, me ensinou a acreditar que um grupo de jovens da periferia
podem seguir o caminho do profissionalismo e protestar sobre os problemas
existentes, sem medo nem receio, e musicalmente falando abriu minha mente pra
ser hoje o que sou, um pesquisador da cultura polpular.
P.
A. C Como
você percebe a participação das mulheres no Movimento Hip hop, em especial no
nosso Estado?
Brown...Tem
que ter mulheres sempre em todas os espaços não só no Hip Hop! Eu sei que o
machismo reina até no Hip Hop, e o número de mulheres é bem reduzido, mas
acredito sim, que ambos chegam no seu objetivo. Sempre trabalhei nas minhas
oficinas com mulheres e vejo a capacidade de superar os obestáculos,
todo trabalho finalizado ralacionado ao Hip Hop receberam
meu elogios, essa mulherada não tem que baixar a cabeça para machismo nunhum e
sim fazer os corres e conquistar espaços,através de sua capacidade.
P.
A. C Você apresenta uma enorme criatividade em seu repertório,
sendo este um diferencial em sua música, como iniciou este processo de agregar
os ritmos da ciranda, coco e maracatu ao Hip hop?
Brown...
Então, eu fui criado em duas realidades como falei anteriormente, e sempre
escutei,Maracatu,Frevo,Coco de Embolada,Forró,Samba,Brega sempre ! Quando entendi o que é a RIMA eu assimilei
fácil ,fácil como já ouvia muita embolada de Cajú e Castanha,Oliveira e Beija
Flor,Coco de Zé Neguinho,Mestre Galo Preto,Dona Selma do Coco, Lia de
Itamaracá, fiz um pandeiro de lata de doce de goiabada com fichas de garrafas
isso em 88 e tocava o pandeirinho cantando o Rap em cima da batida e depois
catava a embolada na batida do Rap foi o início da minha pesquisa, o Faces foi
minha primeira experiência em estúdio e palco e o é importante é que traz uma identificação
com o que faço, amo a cultura popular e desenvolvi um dom que Deus me deu, que
foi o de improvisar que me formou um embolador de Coco,Repentista,Rapper.
P.
A. C A
discussão, étnico racial você acha importante para o Movimento de Hip hop e por
quê?
Brown... Qualquer
assunto que for desenvolvido pra o fortalecimento e conhecimento do nosso povo,
acho importante e faço questão de participar, pois é bom ter conhecimento da
história a que foi contada de uma forma estranha e a que realmente aconteceu, o
Hip Hop me fez despertar essa vontade de ler livros, pesquisar sobre personalidades
e suas representações e lutas como: ZUMBI DOS PALMARES,MANDELA,ANTÔNIO CONSELHEIRO,LAMPIÃO,entre
outros...
Temos
que saber de toda história sem medo das consequências!
P.
A. C Quantos
CDs você tem gravado e há algum novo trabalho surgindo?
Brown...Com
o Faces quatros (04) e Um (01) solo e estou nas pesquisas pra os próximos, tanto com o Faces e o
meu solo.
P.
A. C Como
Educador qual mensagem você gosta mais de transmitir por meio do rap?
Brown...Acredite
na vida, na família que é a base, estude o bastante e se forme pra representar sua
realidade, ignore o preconceito pela sua cor e razão social,levante a cabeça
diante de algumas situações, seja você mesmo, siga seu caminho em busca da
vitória, enquanto estão desacreditando da sua capacidade estais conseguindo
ultrapassar as barreiras da vida, muita gente não acreditava que um dia meu
nome tivesse um respeito na sociedade e hoje eles querem que seus filhos
escutem minhas músicas e isso é vitória,a mensagem é essa irmãos e irmãs.
P.
A. C Agradecemos ao Zé Brown pela contribuição com a nossa música, com a história do Movimento Hip hop, e com a cultura afro pernambucana. Valeu pelo valioso momento de prosa, sucesso!
Brown... Obrigado!
Enfim, esse blogger é um espaço
coletivo para difundir as atividades do povo negro/PE. O nosso “Quilombo
Virtual”. Obrigada!
CONTATOS SHOWS: 81-97151366
Confiram alguns trabalhos do Zé Brown:
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