sexta-feira, 4 de abril de 2014

Momento de Prosa Com Zé Brown

O nosso “Quilombo Virtual”, em mais um Momento de Prosa, tem o prazer, a honra em receber, um dos representantes do Movimento Hip Hop de Pernambuco,que desde a década de 80 vem fomentando o cenário da música nordestina Zé Brown.

Foto: Arquivo Pessoal do Artista

P. A. C Para início desta prosa, quem é Zé Brown?  

Brown... Antes de chegar em Zé Brown, temos que falar um pouco de José Edson Da Silva, conhecido em toda Zona Norte do Recife como Nego Léo,filho adotivo de uma família natural de Nazaré da Mata e criado em duas realidades, uma que é o Alto José do Pinho, um setor urbano e a outra é Nazaré da Mata, uma região interiorana, tive a sorte de ter nascido no Nordeste, onde desde a minha infância,adolecência e fase de adulto tive um apego imenso pela cultura popular e suas filosofias, resumidamente reflete em ZÉ BROWN.

P. A. C Conte-nos como começou sua carreira artística? 

Brown... No início dos anos 80 comecei a jogar capoeira no Morro da Conceição com o Mestre Cancão de Fogo, e toda sexta feira na Praça do Trabalho acontecia uma feirinha típica, onde tinha uns encontros urbanos e  uma equipe de som chamada "Geração 80" comandava um repertório de músicas bem variadas, mas rolava umas músicas e consequentemente uma dança que me chamava atenção, a música era o Soul o Funk e o Rap e a Dança era o Break, pronto ali começou minha carreira artística, vi aquela dança e me indetifiquei com a performance da capoeira e disse a mim mesmo, quero aprender  essa dança! O curioso, é que não sabia que aquela dança fazia Parte da Cultura Hip Hop, daí fui praticando, conhecendo uma rapaziada do movimento, me dedicando a cultura e fazendo parte de várias coisas que o Hip  Hop proporcionava.

P. A. C Como você, define o Movimento Hip hop em nosso Estado?

Brown...Uma Cultura promissora e que realmente transforma e muda comportamento, chama muito a atenção dos jovens, mas infelizmente não tem estrutura pra ser trabalhada como deveria ser, temos atividades e não temos espaços físicos suficiente para desenvolver suas funções,mas fico feliz em ver a evolução do Hip Hop, aqui em nosso estado principalmente quem leva ela a sério, e os 4 elementos estão de parabéns o BREAK,GRAFITE,DJ,MC vejo um avanço para o profissionalismo.

P. A. C Qual a relevância que teve a Faces do Subúrbio na sua vida? 

Brown...O Faces foi minha projeção, me ensinou a acreditar que um grupo de jovens da periferia podem seguir o caminho do profissionalismo e protestar sobre os problemas existentes, sem medo nem receio, e musicalmente falando abriu minha mente pra ser hoje o que sou, um pesquisador da cultura polpular.

P. A. C Como você percebe a participação das mulheres no Movimento Hip hop, em especial no nosso Estado?

Brown...Tem que ter mulheres sempre em todas os espaços não só no Hip Hop! Eu sei que o machismo reina até no Hip Hop,  e o número de mulheres é bem reduzido, mas acredito sim, que ambos chegam no seu objetivo.  Sempre trabalhei nas minhas oficinas com mulheres e vejo a capacidade de superar os obestáculos, todo trabalho   finalizado  ralacionado ao Hip Hop receberam meu elogios, essa mulherada não tem que baixar a cabeça para machismo nunhum e sim fazer os corres e conquistar espaços,através de sua capacidade.

P. A. C Você apresenta uma enorme criatividade em seu repertório, sendo este um diferencial em sua música, como iniciou este processo de agregar os ritmos da ciranda, coco e maracatu ao Hip hop? 

Brown... Então, eu fui criado em duas realidades como falei anteriormente, e sempre escutei,Maracatu,Frevo,Coco de Embolada,Forró,Samba,Brega sempre !  Quando entendi o que é a RIMA eu assimilei fácil ,fácil como já ouvia muita embolada de Cajú e Castanha,Oliveira e Beija Flor,Coco de Zé Neguinho,Mestre Galo Preto,Dona Selma do Coco, Lia de Itamaracá, fiz um pandeiro de lata de doce de goiabada com fichas de garrafas isso em 88 e tocava o pandeirinho cantando o Rap em cima da batida e depois catava a embolada na batida do Rap foi o início da minha pesquisa, o Faces foi minha primeira experiência em estúdio e palco e o é importante é que traz uma identificação com o que faço, amo a cultura popular e desenvolvi um dom que Deus me deu, que foi o de improvisar que me formou um embolador de Coco,Repentista,Rapper.

P. A. C A discussão, étnico racial você acha importante para o Movimento de Hip hop e por quê?
Brown... Qualquer assunto que for desenvolvido pra o fortalecimento e conhecimento do nosso povo, acho importante e faço questão de participar, pois é bom ter conhecimento da história a que foi contada de uma forma estranha e a que realmente aconteceu, o Hip Hop me fez despertar essa vontade de ler livros, pesquisar sobre personalidades e suas representações e lutas como: ZUMBI DOS PALMARES,MANDELA,ANTÔNIO CONSELHEIRO,LAMPIÃO,entre outros...
Temos que saber de toda história sem medo das consequências!

P. A. C Quantos CDs você tem gravado e há algum novo trabalho surgindo?

Brown...Com o Faces quatros (04) e Um (01) solo e estou nas pesquisas pra os próximos, tanto com o Faces e o meu solo.

P. A. C Como Educador qual mensagem você gosta mais de transmitir por meio do rap? 

Brown...Acredite na vida, na família que é a base, estude o bastante e se forme pra representar sua realidade, ignore o preconceito pela sua cor e razão social,levante a cabeça diante de algumas situações, seja você mesmo, siga seu caminho em busca da vitória, enquanto estão desacreditando da sua capacidade estais conseguindo ultrapassar as barreiras da vida, muita gente não acreditava que um dia meu nome tivesse um respeito na sociedade e hoje eles querem que seus filhos escutem minhas músicas e isso é vitória,a mensagem é essa irmãos e irmãs.

P. A. C Agradecemos ao Zé Brown pela contribuição com a nossa música, com a história do Movimento Hip hop, e com a cultura afro pernambucana. Valeu pelo valioso momento de prosa, sucesso!

 Brown... Obrigado! 
 
Enfim, esse blogger é um espaço coletivo para difundir as atividades do povo negro/PE. O nosso “Quilombo Virtual”. Obrigada!


CONTATOS  SHOWS: 81-97151366  

Confiram alguns trabalhos do Zé Brown:









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