" KIPUPA"
"Com efeito, o quilombismo tem se revelado fator capaz de mobilizar disciplinarmente as massas negras por causa do profundo apelo psicossocial cujas raízes estão entranhadas na história, na cultura e na vivência dos afro - brasileiros."
Abdias Nascimento
Por Rosangela Nascimento
Este texto tem por finalidade divulgar a atividade desenvolvida pelo " Quilombo Cultural Malunguinho - Kipupa", na perspectiva da prática sócio cultural, exitosa, sendo esta iniciativa desenvolvida por um grupo de pesquisadores, onde a dialética entre Sagrado, História e Memória são frutos da construção desde grandioso evento. Saberes e expertises, socializados no único intuito, divulgar, homenagear e propagar a história e reconhecimento do Líder Malunguinho.
Nessa construção da identidade,um abraço ao que é coletivo, assim o significado da palavra "Kipupa" representando união, agregação de pessoas, remetendo-nos a ideologia da resistência.
Já "Malunguinho", aquele que é camarada, companheiro de lutas, ambas as palavras advém do Kimbundo, língua Africana falada no noroeste de Angola, incluindo Luanda. O Português brasileiro recebeu inúmeras contribuições lexicais desta língua, como exemplo: quilombo ( de Kilombo, " capital,povoação,união"). Malunguinho é título utilizado para nomear líderes representantes Quilombolas Pernambucano. Como também, é atribuída a divindade da Jurema Sagrada, na figura do caboclo o mestre, fator característicos de matriz indígena nordestina.
Então a partir das palavras sentimentos convergentes "Kipupa Malunguinho", segundo o seu criador Alexandre L' Omi L'Odò é a agregação de pessoas em torno dessa divindade e personagem da história negra e indígena de Pernambuco.
Esta festividade teve seu início no ano de 2006, por meio do diálogo frutificante no Quilombo Cultural Malunguinho, contando com a parceria do historiador João Monteiro com a finalidade de resgatar a história das lideranças negras e indígenas do nosso Estado. Sendo estes invisibilizados ao longo da construção da nossa história/bibliográfica fato sempre pontuado pela militância negra, debate que fortalece e respalda a criação de algumas leis, tal como a 10.639/2003 que trata de conteúdos específicos da cultura afro e indígena.
Desde o seu nascimento o Kipupa vem intensificando seus saberes, com a saudação ao sagrado e o cultural, fortalecidos pela lei Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana. Lei 13.298/07 em alusão a Malunguinho oficializando um calendário para o desenvolvimento de atividades ligadas a Jurema.
Foto do Aquivo do Quilombo Cultural Malunguinho
A priori, a solenidade ocorre todo ano no mês de Setembro nas matas do Engenho Pitanga II, localizado no município de Abreu e Lima-PE. Obedecendo a uma programação pedagógica e Cultural, a comemoração conta com o som Tradicional do Coco do Catucá, tendo como participantes sacerdotes e sacerdotisas da Jurema e do Candomblé. Honrosamente participam o Mestre Galo Preto, Mestra Elisa do Coco, Mestre Teté. O público é diversificado atraindo pessoas de todo Brasil como pesquisadores/as, artistas, políticos entre outros. A mística é fortalecida pelo ritmo do Coco, música negra popularmente conhecida em toda região nordeste, sendo o facilitador para avivar a memória e os bons sentimentos.
O Kipupa Malunguinho dando continuidade à Saga, convida para participação na VIII edição, que acontecerá no dia 22 de Setembro de 2013, com muito Coco na mata do Catucá, oportunizando os/as participantes para conhecerem a história omitida nos livros didáticos. Com toda a ludicidade construída coletivamente sempre presente em nossa herança afro indígena.
Fotos do Aquivo do Quilombo Cultural Malunguinho
Para mais informações sobre o evento:
Alexandre L'Omi L'Odò - Coordenador do Quilombo Cultural Malunguinho
E-mail:alexandrelomilodo@gmail.com , www.qcmalunguinho.blogspot.com
Referência:
L'OMI L'ODÒ Alexandre, http://alexandrelomilo.blogspot.com.br/2011/09/o-que-significakipupa-malunguinho.html. Acesso em 13/08/2013.
NASCIMENTO,ABDIAS, O Quilombismo, Petrópolis,Vozes,1980.
PINTO, A. O. Vocabulário Kimbundo-português. Disponível
em htt://www.multiculturas.com/angolanos/alberto_pinto_kimb_port_vocab.htm. Acesso em 13/08/2013.
Rui Ramos (1998). Kimbundo/quimbundo (em português). Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Acesso em 13/08/2013.
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