Mulher Negra Pernambucana
Mãe Badia (*Rivaldo Pessoa)
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Foto: Jc Online |
Filha da Oxum
Aê, êô
Menina Oxum aê, êô
Filha do céu pra gente vê
Ô Mãe Badia
O teu sorriso iluminou
Nossa terra
Nossa mãe
A Oxum que mais brilhou e redobrou
E foi pros braços de Xangô
Bem pertinho de Oxalá
Nossa terra ela deixou
E no céu foi morar!
Ora êi,êiô
Oxum Fereré.
Por Rosangela Nascimento
Mulher Negra, Pernambucana, aguerrida,
ousada nascente em 1915 Recife especificamente no bairro de São José, 27 anos
após a assinatura da lei dita áurea. Assim Maria de Lourdes Silva, reconhecida,
legitimada Badia. Sua ancestralidade africana pulsava em suas veias, cada dia
mais e mais, ganhando amplitude, a partir da sua mudança para o Pátio do Terço
aonde toda sua tradição vem à tona, por meio de suas múltiplas habilidades, o
despertar desta Deusa aconteceu por meio dos folguedos carnavalescos
e religiosos.
O resgate da história do seu povo se
fortalece com a união das mulheres, com a vivência da religião de matriz
africana. Zeladora dos orixás, filha adotiva de Eugênia Duarte Rodrigues e
filha de santo de Viviana Rodrigues Braga, Sinhá, assim descrito no livro
Mulheres do Brasil.
A ludicidade dos terreiros ganha espaço
com o exercício do culto da Nação Nagô, onde Badia é referência no nosso
estado, pondo em prática os aprendizados repassados, pelas mais velhas para a
mais nova, e como ela foi flamejante! Fundou dois eventos que imortalizaram o
seu fazer a sua memória na cidade do Recife. O Baile Perfumado e a Noite dos
Tambores Silenciosos, orgulho da Militância Negra Pernambucana.
A Noite dos Tambores Silenciosos tem
este nome segundo os mais velhos, por que onde é hoje o Pátio do Terço era o
local onde desembarcavam os navios negreiros, onde muitos morriam, devido aos
maus tratos durante a viagem, os que sobreviviam para vencer o banzo se
organizavam em silêncio e sigilos confeccionavam os seus tambores.
Aí a expertise, a meia noite os tambores dos maracatus param, silencia, reverenciando negros e negras. que foram escravizados, retirados a força de sua terra a "África", esse ritual acontece todos os anos na segunda-feira de carnaval.
Aí a expertise, a meia noite os tambores dos maracatus param, silencia, reverenciando negros e negras. que foram escravizados, retirados a força de sua terra a "África", esse ritual acontece todos os anos na segunda-feira de carnaval.
É muito forte a ligação de componentes
da religião com os folguedos carnavalescos, cito como exemplo: o
maracatu e afoxé dentre outros. A Badia vinculou as agremiações
carnavalescas e ao maracatu.
Considerada a primeira dama do Carnaval
do Pátio do Terço, foi à grande celebridade homenageada no carnaval do Recife
no ano de 1985. Tema "Carnaval de Badia". Desenvolvia o
oficio de costureira, o que contribuía para se comunicar e conhecer com
proximidade as pessoas vestiu de sonhos muitas agremiações carnavalescas, tais
como Saberé, Vassourinha, Lenhadores e Verdureiros de São José. Foi a
presidente desta última.
Cada um/a usa das armas que
tem e Badia utilizou sua tradição para fortalecer e retirar do anonimato as
nações de maracatus. A filha da Oxum faleceu no ano de 1991. Mas
permanece viva a cada tambor de maracatu silenciado, a cada rufada de tambor.Notas:
Espaço Cultural Badia
Rua Augusta nº 143,Pátio do Terço Recife PE.
* Ativista do Movimento Negro Unificado 1979-1986,Descendente Nagô, Uns dos fundador do Afoxé Alafin Oyó,Primeiro compositor e o segundo Ogan de 1986 a 2003.
Atualizado em 15/03/2014.
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