sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Badia

Mulher Negra Pernambucana 

Mãe Badia (*Rivaldo Pessoa)

Ô Mãe Badia 
Foto: Jc Online
Filha da Oxum 
Aê, êô 
Menina Oxum aê, êô
Filha do céu pra gente vê

Ô Mãe Badia 
O teu sorriso iluminou 
Nossa terra 
Nossa mãe 

A Oxum que mais brilhou e redobrou
E foi pros braços de Xangô 
Bem pertinho de Oxalá 
Nossa terra ela deixou 
E no céu foi morar!

Ora êi,êiô 
Oxum Fereré. 
      
Por Rosangela Nascimento 

Mulher Negra, Pernambucana, aguerrida, ousada nascente em 1915 Recife especificamente no bairro de São José, 27 anos após a assinatura da lei dita áurea. Assim Maria de Lourdes Silva, reconhecida, legitimada Badia. Sua ancestralidade africana pulsava em suas veias, cada dia mais e mais, ganhando amplitude, a partir da sua mudança para o Pátio do Terço aonde toda sua tradição vem à tona, por meio de suas múltiplas habilidades, o despertar desta Deusa aconteceu por meio dos folguedos carnavalescos e religiosos. 

O resgate da história do seu povo se fortalece com a união das mulheres, com a vivência da religião de matriz africana. Zeladora dos orixás, filha adotiva de Eugênia Duarte Rodrigues e filha de santo de Viviana Rodrigues Braga, Sinhá, assim descrito no livro Mulheres do Brasil. 

A ludicidade dos terreiros ganha espaço com o exercício do culto da Nação Nagô, onde Badia é referência no nosso estado, pondo em prática os aprendizados repassados, pelas mais velhas para a mais nova, e como ela foi flamejante! Fundou dois eventos que imortalizaram o seu fazer a sua memória na cidade do Recife. O Baile Perfumado e a Noite dos Tambores Silenciosos, orgulho da Militância Negra Pernambucana. 

A Noite dos Tambores Silenciosos tem este nome segundo os mais velhos, por que onde é hoje o Pátio do Terço era o local onde desembarcavam os navios negreiros, onde muitos morriam, devido aos maus tratos durante a viagem, os que sobreviviam para vencer o banzo se organizavam em silêncio e sigilos confeccionavam os seus tambores.
Aí a expertise, a meia noite os tambores dos maracatus param, silencia, reverenciando negros e negras. que foram escravizados, retirados a força de sua terra a "África", esse ritual acontece todos os anos na segunda-feira de carnaval. 


É muito forte a ligação de componentes da religião com os folguedos carnavalescos, cito como exemplo: o maracatu e afoxé dentre outros. A Badia vinculou as agremiações carnavalescas e ao maracatu. 


Considerada a primeira dama do Carnaval do Pátio do Terço, foi à grande celebridade homenageada no carnaval do Recife no ano de 1985. Tema "Carnaval de Badia". Desenvolvia o oficio de costureira, o que contribuía para se comunicar e conhecer com proximidade as pessoas vestiu de sonhos muitas agremiações carnavalescas, tais como Saberé, Vassourinha, Lenhadores e Verdureiros de São José. Foi a presidente desta última.  
Cada um/a usa das armas que tem e Badia utilizou sua tradição para fortalecer e retirar do anonimato as nações de maracatus. A filha da Oxum faleceu no ano de 1991.  Mas permanece viva a cada tambor de maracatu silenciado, a cada rufada de tambor.


Notas:

Espaço Cultural Badia 
Rua Augusta nº 143,Pátio do Terço Recife PE.


* Ativista do Movimento Negro Unificado 1979-1986,Descendente Nagô, Uns dos fundador do Afoxé Alafin Oyó,Primeiro compositor e o segundo Ogan de 1986 a 2003.

Atualizado em 15/03/2014. 

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